A semana ficou agitada em função da proibição de divulgação
de pesquisa pelo jornal Correio do Estado, que apresentaria os índices obtidos
pelos candidatos a prefeitura da Capital e a simulação de intenção de voto em
um provável segundo turno.
Se por um lado, para nós jornalistas e em especial os que
enfrentaram os anos de chumbo da Ditadura Militar é execrável a censura, pela
qual os poderosos suspiram; por outro pode-se, a partir deste episódio, tentar
avaliar todo o cerceamento que tem acompanhado o processo político eleitoral.
Estamos esbarrando no retrocesso da Lei Falcão, porém sem
nenhum objetivo específico. Nada se pode e quase nada se deve fazer. Difícil,
então, entender para onde caminha nossa democracia. É tanto remédio para conter
a doença que pode vir a matar o doente.
Existem razões das duas partes. O candidato melhor avaliado
seria, sim, beneficiado com a publicação, pois que a tendência do eleitorado é
não desperdiçar o voto e, para isso, procura acompanhar a tendência em favor do
favorito. Mas que o ônus não recaia sobre aquele quem melhor soube percorrer a
senda a caminho do voto.
Pesquisas podem ser manipuladas, institutos sabem disso,
candidatos sabem disso e a justiça sabe disso. Nesta terra de ninguém em que a
política brasileira transformou-se em um coronelismo high tech, acreditamos que
a juíza tenha se embasado na máxima: “In dubio, pro reo”.
Teremos, então, que conviver entre a desconfiança, a
política pé torto e o peso da Lei. O povo, ainda é um detalhe.
Editorial publicado no jornal Liberdade MS - edição 56.
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