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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

As mosqueteiras e a governabilidade de Campo Grande - MS


A eleição plebiscitária de Campo Grande acabou. Que não se culpem nomes como tem sido feito por aqueles que aproveitam momentos para atacar desafetos. O jogo político foi jogado da maneira com que todos nós estávamos acostumados. Acusações sem provas, ataques pessoais por materiais apócrifos, xingamentos. E nenhuma proposta.

Promessas. Apenas juramentos de resolver os problemas enfrentados principalmente pelos que vivem “em situação de vulnerabilidade social” conforme a cartilha dos politicamente corretos. Pobres sem eira nem beira, à mercê da disposição e boa vontade daqueles que deveriam exercer o cargo em nome do, e por este, povo.

E agora, Bernal eleito. O que é, ou era, Alcides Bernal antes desta eleição? Radialista de grande penetração nas camadas mais pobres, vereador e deputado de pouca visibilidade, insignificante trabalho e pífios projetos. E agora? Bernal prefeito da Capital de Mato Grosso do Sul.

Temos, pois, um prefeito de viés populista, visto e entendido pela população como um político “não político”, ou seja, não pertencente aos grupos de comandos e conchavos, o que lhe permitiu expressiva votação, como única forma de rompimento de um ‘status quo’ que teimava em permanecer no poder.

Mas a eleição não faz o administrador público. Bernal, por si ou pelo seu Partido, não tem estrutura para bem governar, até porque nunca conseguiu conviver de forma harmônica com seus pares.

Por outro lado, a arquitetura política do PMDB e PR, provaram estar esgotada. Artífices do poder, não souberam atribuir valores a quem os merecia. Tomavam para si os louros e restringiam a visibilidade pública aos seus parceiros. E tanto acreditaram neste poder supremo que entenderam serem dispensáveis os parceiros de jornada. Foram abandonados, ficaram sós.

A quem interessava e quem poderia vencer as eleições? Ao Partido dos Trabalhadores? Não poderia vencer as eleições por falta de empatia com os eleitores de Campo Grande e de candidatos, sempre angariou os votos contra o poder que se entendia consolidado. Reinaldo e o PSDB apenas pretendiam (e conseguiram) sedimentar poder de urna para fortalecer a candidatura do próprio Reinaldo Azambuja ou do deputado estadual Márcio Monteiro, ao senado, e resgatar a força política que se esvaia com a saída de cena de Marisa Serrano e Waldir Neves, além da perda de Ludio Coelho. Ao PV, a possibilidade de ser visto e entendido como Partido Político, e uma secretária ou cargos no segundo escalão. Em que pese o oportunismo de Sidney Melo, ao PSOL restava marcar posições e alguma barganha e, ao PSTU difundir um discurso socialista.

Mas a frente de oposições pensada e articulada, com ativa participação do senador Delcídio do Amaral, esta sim poderia fazer frente à maquina política entronizada na Assembleia, Parque dos Poderes e Prefeitura Municipal. E fez.

Alcides Bernal, antevendo a real possibilidade de vitória e consciente das limitações políticas impostas pelo seu isolamento, soube ter a grandeza da humildade e atendeu ao jogo democrático da coalizão de forças que apenas se entende com a interação de projetos e propostas. Sem, necessariamente, perder o poder, governará junto.

Péssima decisão a todos os que o abandonaram, que o diga o PSD, de Antônio João, que tentou ser a pá de cal de sua candidatura.

Mas a ousadia tem seu preço e Bernal enfrentará maioria oposicionista na Câmara Municipal. Dos partidos de sua base, foram eleitos apenas oito dos vinte e nove vereadores. Evidente que deserções haverá, e já iniciaram com o PSC e seu vereador Herculano Borges. Outros virão. Mas como amainar este problema?

Mosqueteiras serão as guardiãs de Bernal

De toda a base de apoio ao prefeito eleito, apenas três das vereadoras têm reais condições de articulação e conhecimento político que lhe permitam um diálogo com o legislativo: Luiza Ribeiro (PPS), Professora Rose Modesto (PSDB) e Taís Helena (PT). Excetua-se da lista um improvável Dartagnan Zeca do PT, não por incapacidade, mas por estilo.

Todos os outros são figurantes, talvez e improvavelmente até capacitados para a vida pública, mas sem os conhecimentos e o poder de articulação necessários. Mas, como o poder seduz, não seria de estranhar que outros, além de Herculano Borges, se bandeiem para o apoio a Bernal, principalmente se os ares que sopram em direção a 2014 apontarem um governo Delcídio (ou Reinaldo). Neste caso, o atual reinado estaria encerrado de fato e de direito e, como Rei morto, Rei posto, os ferrenhos companheiros de jornada seriam improváveis apoiadores.

De qualquer forma, a articulação para a formação desta bancada de apoio e a aquisição de novos companheiros de jornada, bem como a difícil missão de encontrar espaços na nova composição da direção da Casa de Leis, passa pelas afiadas espadas das Mosqueteiras da Governabilidade Municipal.
Pelo bem do povo de nossa Capital, sem exceções, que elas tenham tanto sucesso quanto os heróis homônimos de Alexandre Dumas.


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