O médico representa o ser humano investido da prerrogativa sobre-humana de amenizar a dor, mitigar o sofrimento e adiar a morte do semelhante. Por isto, o seu erro assume proporções dramáticas, representa a negação do bem, mas nunca a intenção do mal.
Em artigo publicado no Portal Médico, Júlio Cézar Meirelles
Gomes e Genival Veloso de França afirmam: “O erro médico tem sido mal focado
pela mídia, que busca no rol dos eventos sociais a exceção, a ocorrência
extravagante com forte fascínio e forte apelo comercial; a mídia vai em busca
da versão factual da atitude humana com o duplo interesse da denúncia e da
promoção de venda da notícia. Despreza em regra as causas concorrentes mais
expressivas, como a má formação profissional, o ambiente adverso ao ato médico,
a demanda assustadora aos órgãos de assistência médica, os baixos e tenebrosos
padrões de saúde pública etc.”
Entendemos que os meios de comunicação têm um papel valioso
na denúncia dos erros médico, como forma de alertar a população sobre os maus
profissionais, clínicas, centros de tratamento e hospitais, também informar a
população sobre seus direitos e os meios de obtê-los. O fato de noticiar eventuais
erros não implica creditar à todos os profissionais imprudência, imperícia ou
negligência. Informar não implica explorar, a morbidez está na maneira e na
pessoa que assim entende a notícia.
Desde o início desta série, demonstramos que existem outros
fatores que penalizam pacientes e profissionais da medicina, sendo que os
principais são o descaso da administração pública e a desmedida ambição da
medicina privada. Para os
especialistas, dois fatores explicam erros médicos no Brasil, que vitimam pacientes
e lhes causam sequelas físicas e psicológicas. O aumento expressivo da
população de médicos –13 mil profissionais formados por ano – e que parte
significativa dos recém-formados chega ao mercado de trabalho sem saber o que
fazer com o diploma.
A
imagem que passa para a população é a de que a categoria é muito
corporativista, a tramitação é excessivamente lenta e são raros os casos de
cassação de diploma. Portanto, muitas vítimas ou familiares dessas, preferem
atribuir à fatalidade os danos permanentes ou temporários e até o óbito. Nossa
intenção é abrir um canal de denúncia e informação.
Neste
mês, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) lançaram o Programa Nacional de Segurança do Paciente, com objetivo de
diminuir ‘eventos adversos’ em pacientes internados, como quedas, administração
incorreta de medicamentos e erros em procedimentos cirúrgicos. O programa
determina a obrigatoriedade da implantação de Núcleos de Segurança do Paciente
em todos os hospitais públicos e particulares e devem entrar em funcionamento
em 120 dias.
2 comentários:
Excelente matéria. Esse tema é interessantíssimo e sempre gera muitas polêmicas,creio que as pessoas deixarão de torcer o nariz para o tema e passem a encarar o assunto com a seriedade que merece.Mas esse assunto ainda rende algumas edições.Parabéns!
Agradeço a leitura e o comentário. Sei da responsabilidade em percorrer este delicado tema sem macular o respeito que a profissão médica é merecedora sem, no entanto, deixar de expor o lado das vítimas. Sempre que necessário, tratarei do tema.
Postar um comentário