O governo Alcides Bernal tem atacado com
intensidade os problemas de saúde de nossa capital e, nesta questão,
demonstrado rara competência, apesar de todos os problemas herdados da gestão
anterior como sucateamento de ambulâncias, infraestrutura dos prédios que
apresentam rachaduras, infiltrações e problemas elétricos entre outros. Ponto
para o início de administração que controlou a pior epidemia de dengue,
evitando inúmeras mortes. No entanto, se apresenta boas ações no varejo, falta
estrutura consistente que ganhe confiabilidade do público quando se trata de
estrutura administrativa, com secretários que, mais que ter competência, a
demonstrem de forma convincente para a população.
Em recente entrevista, o prefeito de Campo Grande,
Alcides Bernal (PP), discorreu sobre as recentes ações de seu governo, mas não
respondeu de forma convincente sobre os projetos de gestão a médio e longo
prazo, e sequer ofereceu prazos de resolução para os problemas que se
apresentam. Usou do artifício de
comentar o que deixou de ser feito, ou foi feito de maneira incorreta pelas
administrações anteriores finalizando com a assertiva que “a equipe de governo
está fazendo uma análise criteriosa e providências serão tomadas”. Sem dizer
quais e quando.
Com relação aos contratos não cumpridos, também ai
sua equipe está fazendo um levantamento detalhado das cláusulas. Apresentar o
desenvolvimento de trabalho da forma vaga como foi feito pelo atual prefeito
apenas causa, na população, um sentimento de incerteza e uma desesperança que
vem sendo notada nas diversas enquetes de avaliação de sua administração, com
avaliações tendendo para o negativo.
Repetir o jargão de que a população não será
prejudicada, vai na contramão do que se vê nas ruas: operação tapa buracos que
não consegue atender as principais vias, causando transtornos no trânsito e
prejuízo aos motoristas; falta de pontos de venda e restrição de horário de compra
de cartões PegFácil para os usuários do transporte coletivo; ambulantes que
lotam os terminais, protegidos pelos fiscais da Agetran, dificultando a
mobilização e prejudicando os comerciantes legalmente registrados que operam
nos terminais; entre outros transtornos diários.
Graves problemas
Existem, no entanto, problemas mais graves a serem
equacionados. Transporte público é o que mais diretamente afeta a vida dos
campo-grandenses por ser de uso diário. Mesmo com a nova concessão tida e
havida como redentora de todos os males, os ônibus são velhos, inseguros e não
suprem a demanda de usuários. A destinação dos resíduos sólidos está sem
solução e Bernal parece não ter uma resposta definitiva sobre os passos
intermediários até que se regularize a usina e o problema dos catadores.
Insegurança
O que gera insegurança na população, e esta
insegurança nunca é boa, não é o fato do aparente marasmo. Isso é entendido e
perdoado por se tratar de uma administração nova, que assume rompendo com vinte
anos de um mesmo grupo no poder. Também por haver sido atendida em termos de
saúde, que é o aspecto que mais lhe afeta, após o transporte público. No
entanto, esta aparente apatia, somado às rusgas constantes com a Câmara
Municipal, mais o isolamento da mídia por parte do próprio prefeito e de seu
secretariado, traz desconfiança, que Bernal parece não entender. A população
percebe que esta postura trará, inevitavelmente, prejuízos para o município.
Não precisamos de um cavaleiro solitário salvador, precisamos de um político competente.
Outro tema que causa pesadelos por suas implicações
são os indicativos de greve e ameaças de paralisação de diversos setores da
administração pública, em especial dos agentes de saúde.
As marcas de Bernal
Ficam registrados neste início de governo as boas
iniciativa em recapear a Avenida das Bandeiras como indicativo de que outras
vias passarão pelo mesmo tratamento; o combate à epidemia de dengue e a
reestruturação da saúde, além do “congelamento” das tarifas de transporte
urbano com a redução da tarifa do distrito de Anhanduí.
Resta-nos ver o que de produtivo trará o balanço
dos 111 dias de governo com seu consequente plano de ações futuras. A
expectativa é que os planos saiam da seara dos estudos para tomar a via da
execução.
Não há tempo para isso. Temas polêmicos como
mudança da Câmara, relação entre prefeito, secretários e vereadores, relação
entre secretários e imprensa, Bernal e imprensa, são fundamentais para dar
entendimento de administração, dar noção de trabalho. Fugir destas questões em
entrevistas maculadas por perguntas previamente aprovadas pela assessoria, não
dará a noção de bom governo, bem e muito pelo contrário. Ainda resta a Bernal
perder sua arrogância e domar seus traumas, precisamos de administradores
competentes, não de políticos divinizados.
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