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terça-feira, 14 de maio de 2013

A CPI da Saúde, Campo Grande ou Brasil?


É peculiar o fato de uma Comissão Parlamentar de Inquérito de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul e os motivos que originaram tal CPI serem tão, digamos, nacionais. A política nacional funciona de um mesmo modo, dentro dos mesmos moldes, e as falcatruas e princípios aéticos, também.

Fico estarrecido com a agilidade com que se procedeu, durante apenas um jantar entre os políticos envolvidos – governador André Puccinelli (PMDB), o ex-prefeito e atual secretário de Estado, Nelsinho Trad (PMDB) e o presidente da Câmara de Vereadores, Mário César (PMDB) -- e alguns dos membros que formarão a Comissão -- o ex-líder do ex-prefeito vereador Flávio César (PTdoB) e outros títeres --, coisa de poucas horas, terem engendrado o esvaziamento e direcionamento das investigações e prováveis futuras conclusões. A capacidade de ficar estarrecido é o combustível do jornalismo, enfim.

Tanto quanto eles podem urdir essa trama, podemos tentar decifrar as entrelinhas deste roteiro.


O que querem os “amigos” na CPI? Julgar de tal forma que suas conclusões finais apontem erros administrativos, apenas. Que o dinheiro desviado caiba no relatório final da Comissão, dentro da “forma pouco ortodoxa de administrar, errando, quando buscava acertar para oferecer o melhor para o cidadão paciente” (não mais o paciente cidadão, pelo que vimos nas últimas eleições e, oxalá, vejamos na futura).

Julgando assim, um mero erro administrativo, por não configurar crime, desnecessário e impraticável restituir ao erário os valores que na maldosa opinião popular – ah, este povo ingrato -- foi desviado.  Isso implicaria remexer em finanças diversas, destino das várias repartições desses valores, e até mesmo naquele que foi utilizado em financiamento de campanhas políticas que elegeram os próceres que representam e lutam por todos nós e em nosso benefício.

O Conselho Regional de Medicina (porque até o Federal não chegará), nada fará porque “moral, caráter e ética tem subjetividade” e pesam pouco se o médico que prestou atendimento utilizou a boa técnica médica.

Por fim, os réus responderão em liberdade pelo crime de improbidade e nunca será caracterizada a formação de quadrilha. Afinal, são cidadãos de uma família e destacados membros da sociedade campo-grandense.

Todo esse julgamento dará em nada, sem culpados, e estas conclusões de tão isenta corte de averiguação de responsabilidades será utilizada pelos crimin... digo, políticos, como bandeira de integridade moral a ser usada nas próximas campanhas eleitorais.

 Os semideuses da cura, tocarão suas vidas, alterando os contratos sociais de suas empresas (como fizeram anteriormente) e mantendo-se vencedores de licitações. Afinal, são os ungidos senhores de uma casta, encastelados e protegidos pelo fosso da ignorância alimentado pela deseducação, sobre o qual jogam os restos de alimentos de suas mesas como benesses para aqueles que lhes vão saudar e dar loas.

Condenação? Essa já receberam e cumpriram os pacientes. Uma condenação além de nossas Leis: a Pena de Morte.

Entre seus defensores, o advogado que avisa com antecedência sobre o dia e o modus operandi das investigações que seriam realizadas e que continua, sob o seu conceito moral, processando por injúria e exigindo reparação moral aos órgão e profissionais de imprensa que ousam descortinar e informar erros médicos.

O malefício da dúvida

Neste empurra-empurra das responsabilidades, a definição que nos parece, agora clara, é que se conclua ter havido vícios administrativos que impera serem corrigidos e blá-blá-blá... Todos serão inocentados, se não por outros vieses jurídicos, pelo benefício da dúvida: in dubio pro reo.

O benefício da dúvida que habitará as mentes do cidadão eleitor de Campo Grande-MS e, de certa forma, de todos os lugares do Brasil onde duas coisas não funcionem, a Saúde Pública e a política: Sou Imbecil?



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