Durante
evento da Câmara Itinerante realizado no Bairro Coophavilla II, conversamos com
quatro vereadores que contemplam o universo diversificado de propostas. Mario
Cesar (PMDB), analisa o atual momento dos 114 anos a partir da visão de quem
tem a responsabilidade de chefe do Legislativo Municipal; Edil Albuquerque
(PMDB), com a experiência de quem, como vice-prefeito, comandou a Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e do
Agronegócio (Sedesc); Chiquinho Telles (PSD) um dos mais ativos representantes
dos Bairros Moreninhas, um dos mais importantes colégios eleitorais do Estado e
importante polo social; e Luiza Ribeiro (PPS), ex-secretária de Justiça do Mato
Grosso do Sul, ex-diretora presidente da Fundação Social do Trabalho de Campo
Grande (Funsat) e que encampou, entre outras, a luta pela revitalização da área
da Antiga Rodoviária.
Mario Cesar (PMDB), presidente
da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Campo Grande
Presidente, 114 anos de Campo
Grande, como você está vendo a cidade, o crescimento de Campo Grande, como está
essa relação?
Infelizmente tenho que dizer que não
é o nosso desejo, o nosso sonho. Campo Grande estagnou.
Vamos falar em números: vejo pelo
orçamento que chegou à Câmara na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) um
crescimento para 2014 de 0.61%, ou seja, sequer 1%. Há uma gestão estancada, há
morosidade na liberação de alvará de construção, de habite-se, desaquecendo a
construção civil. A própria Secretaria de Indústria e Comércio, quanto tempo demorou
para ser constituída, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico
(Codecon) não tem, ainda, um projeto encaminhado para a Câmara.
Campo Grande não merecia isso, pois
sempre teve bons gestores que antecederam a este de agora, não vejo como parabenizar
Campo Grande nesta gestão.
Em sua opinião, vai ser um
aniversário triste?
Infelizmente. Não é isso que nós
queríamos, digo, Campo Grande como um todo, porque quando você aposta numa
mudança, espera que ele seja a contento. Quando se fez uma campanha apontando
as deficiências que haviam nas gestões anteriores, é porque sabia-se que
poderiam ser melhoradas. Não uma gestão que continue apontando as deficiências
sem apresentar melhoras.
Por mais que ele [prefeito Alcides
Bernal] fizesse uma gestão eficiente, eles encontrariam alguns problemas, por
exemplo, não se resolveria de pronto a Saúde; não se colocariam casas para
todos os que precisam; não haveriam vagas em todos os Ceinfs. Poderiam ser
muito melhores nesse sentido, poderíamos avançar nessa tocada, mas infelizmente
não é isso o que está acontecendo em Campo Grande.
Revitalização do Centro, que
havia sido realizado algo em torno de 20% do projeto, está parada, também?
O Videomonitoramento foi aprovado, a
Mobilidade Urbana que tinha um patamar de volume a ser provisionado era maior e
nós não conseguimos a contento tudo o que queríamos, a parte de asfalto e
saneamento, havia um projeto maior, que não abrangia somente o Imbirussu,
Segredo e parte do Prosa, mas também o Anhandui e o Bandeira, nós não conseguimos
ser contemplados por isso; ou seja, houve uma descrença com a atual gestão
pública de Campo Grande.
A falta de diálogo
Executivo-Legislativo tem atrasado o trabalho dos dois poderes?
Olha, eu acredito que tenha atrasado
mais os trabalhos do Legislativo, porque nós temos feitos nossas
reivindicações, nossos requerimentos, projetos de lei dos quais dez foram
vetados pelo prefeito, e nós não fizemos nada que pudesse prejudicar o trabalho
do executivo, até porque ele é quem executa.
Entregamos um orçamento de quase três
bilhões de Reais, nas únicas vezes em que ele [Alcides Bernal] precisou da
Câmara dos Vereadores, os projetos do Executivo foram aprovados de imediato,
inclusive a criação das secretarias da Juventude e a da Mulher, que até hoje
ele não fez as nomeações. A Câmara tem feito de um tudo para poder orientá-lo,
apontado suas deficiências e fizemos isso de maneira muito conservadora,
convocando os secretários, ou seja, fizemos todas as coisas de maneira a tentar
chamar a atenção para uma gestão compartilhada e isso não foi feito por parte
do Executivo. Eu vejo que, neste momento, a Câmara está sendo muito mais lesada
nessa concepção política.
Edil Albuquerque (PMDB), vereador e ex-vice-prefeito da Capital
Edil, você que foi um dos trabalharam para o desenvolvimento da
Capital, como vê o aniversário de 114 de Campo Grande?
Vejo nesse
aniversário de Campo Grande, uma prova da pujança e do crescimento da cidade,
principalmente com relação à população, que tem trabalhado, se esmerado, e da
classe política têm ouvido muito os reclamos populares. Eu desejo que Campo
Grande continue crescendo com sustentabilidade, força, valorizando o
trabalhador que aqui produz e que aqui permanece. Sem esquecer, evidentemente, dos
empresários que tanto fazem, que tanto investem para poder dar emprego e renda
para a nossa população.
Você acredita que a população
de Campo Grande, sem perder o aspecto bucólico, aprendeu a conviver com o
desenvolvimento industrial presenciado nos últimos anos?
Principalmente
pela questão familiar. Você tem seus filhos aqui, você quer criá-los ao seu
lado. Quer que ele produza, que tenha ensino de qualidade. Antigamente nós
tínhamos um problema. Vou me citar como exemplo: eu não pude ter a minha
formação universitária aqui na minha cidade, porque o estado era concebido
apenas pela e para a pecuária, empregava pouco. Tínhamos que ir embora. Quantos
foram embora e não puderam voltar? Eu tenho a felicidade de dizer que eu fui
embora, me reciclei, me formei e voltei para cá. Então me vejo, hoje, na
condição de político dever incentivar cada vez mais políticas públicas e, como
vem acontecendo, ampliar e renovar os incentivos fiscais, porque sem isso a mão
de obra especializada migra para estados como São Paulo, onde tem a
possibilidade de um centro de consumo muito maior.
Luiza Ribeiro (PPS), vereadora e ex-diretora presidente da Funsat
Aniversário de Campo Grande, comemorar?
Campo Grande sempre foi uma cidade privilegiada por ter bons administradores, por ter uma visão profundamente democrática sobre as visões políticas e sociais e estamos inaugurando um tempo novo, com um prefeito de um grupo que nunca havia chegado ao poder. Estou muito esperançosa e acredito que a cidade vai crescer muito, vai ganhar muito, e por isso, temos que comemorar.
A cidade está linda, vamos consertando as coisas que não estão boas, que ainda precisam melhorar. Acredito que temos muito a comemorar, afinal, aniversário é para comemorar. Felizmente podemos fazer um aniversário pensando no desenvolvimento, no progresso, nas coias boas. Acho que é este o momento que a gente vive.
A Fundação Social do Trabalho (Funsat), que você presidiu, auxiliou muito na transformação de uma cidade quase rural para uma cidade empresarial?
Eu acho que não só a Funsat, como a Sedesc [Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e Agronegócio], que foi durante muitos anos líder de um processo de industrialização aqui em Campo Grande, em razão de um programa municipal, que é o Prodes [Programa de Desenvolvimento Econômico e Social] e claro que a qualificação é um instrumento importantíssimo para a atração as empresas. Então, enquanto pude eu estive na Funsat, acredito que tenha contribuído em todo esse conjunto de articulação política, tanto de incentivos fiscais quanto de outros incentivos para que as empresas se estabelecessem aqui.
Revitalização da Antiga Rodoviária, agora que a Câmara ganhou prazo para permanecer no imóvel, quais são as opções? Você acredita que vá acontecer?
Vai. O Planurb [Instituto Municipal de Planejamento Urbano], por intermédio do arquiteto Valter Cortez e a sua equipe reuniram-se com a Comissão três vezes ou mais, afirmando que a administração pública vai ocupar alguns dos espaços disponíveis. Eles irão apresentar todas as soluções que foram articuladas com o Sebrae [Serviço de Apoio à Micro e Pequenas Empresas], com o Banco do Brasil, Associação Comercial e Conselho de Segurança da Região Central. Vamos, então, estabelecer e assinar esse pacto, dispondo sob as várias fases da revitalização não só do prédio da rodoviária, como de todo o entorno, uma requalificação econômica da região. O prefeito [Alcides Bernal] já fez esse compromisso por meio da Planurb e deverá ser brevemente.
Qual o prazo previsto para a conclusão?
O compromisso feito pelo prefeito, conosco, foi de que a celebração do pacto se dará até o dia 1 de setembro. O projeto será, então, feito por etapas, primeiro com a requalificação do trânsito com a reabertura da Rua Joaquim Nabuco, devolver pavimento para dentro das pistas da rodoviária, que tem sido muito perturbado para o ambiente. O Sebrae e o Banco do Brasil já estão fazendo um trabalho com os proprietários e comerciantes da região, e a prefeitura vai iniciar o projeto de ocupação com a reforma. Enfim, é uma boa tarefa.
Mas eu ainda estou na torcida para que Câmara Municipal se instale ali. Neste momento a Câmara conseguiu uma liminar que possibilitou um prazo até fevereiro ou março, mas não ficou consagrado que se permanecerá no atual imóvel, até porque não houve desapropriação. E, entre a desapropriação do atual imóvel e a desapropriação da antiga rodoviária para a instalação da Câmara de Vereadores, eu acredito que o melhor investimento econômico e social é a transferência para a antiga rodoviária. É uma grande contribuição que a Câmara faz para a cidade.
Chiquinho Telles (PSD), vereador eleito pela região das Moreninhas
Vereador, na condição de um dos representantes das Moreninhas, o que o senhor pode nos dizer em relação aos 114 anos de Campo Grande, partindo do ponto de vista de sua região?
Estes 114 anos deveria ser comemorado com mais alegria pela “Moreninhas”, se não houvesse parado o desenvolvimento nestes últimos seis meses. Para dar uma ideia, nós tivermos o começo da construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que está parada; tínhamos um Ceinf em andamento, necessário para a população, que está parado, também; o asfalto que as pessoas aguardam que seja terminado há 35 anos, não foi terminado. Tudo o que a administração anterior havia iniciado, esta administração parou. Por isso eu não estou totalmente feliz e acredito que a população das Moreninhas, também não esteja plenamente feliz.
Também corremos o risco de perder um investimento de Cem Milhões de Reais, que seriam destinados à construção do Shopping.
As Moreninhas, que sempre lutou em busca de maior integração à região central e seu reconhecimento, quando pela primeira vez consegue eleger três vereadores, acaba sendo menosprezada?
Eles pediram que déssemos um prazo, até para conhecer de forma mais efetiva o tamanho da máquina pública, mas eu já não vislumbro um futuro, em relação às Moreninhas, neste governo municipal. Nestes seis meses, a região só foi atendida durante os mutirões, que eu não acredito que sanem o problema, vejo apenas como medidas paliativas. O que resolve problema da saúde é médico, estrutura, equipamentos e medicamentos.
Graças a este esquecimento, os 114 anos não serão comemorados com tanta felicidade.
E o shopping, sai?
Está nas mãos do prefeito. Eu levei os empresários lá, levei o dono da área, o Anagildes, levei a pessoa que organizou o Shopping Campo Grande, o Sérgio. O que falta é retirar os moradores da área para as casas que já foram construídas na gestão anterior, o que não foi feito até que, pelo que dizem, definam de qual cor deverão ser pintadas. Todos aguardam uma definição da administração municipal. No dia em que estivemos todos reunidos, o prefeito nos tratou com tamanha frieza que parecia que o investimento era de Cem Reais, e não um investimento que irá gerar mais de 1500 empregos.
Falta também que se construa uma via auxiliar, mesmo que vicinal, permitindo novo acesso ao bairro que não apenas e tão somente a BR 163. Esse é um problema que vem se arrastando há várias administrações.
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