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sábado, 17 de agosto de 2013

MS Forte II. Dois coelhos e uma cajadada, ou: A força da grana que ergue e destrói...

Um investimento mais do que necessário e bem-vindo, permitido por um governo e um governador que sabe administrar mantendo contas em dia e investindo na modernização do Estado. Mas não é apenas isso, também conta o fato de investir pesadamente nesta reta de campanha para as eleições 2014. A derrota na Capital, os desacertos de final do governo municipal de Nelson Trad Filho, as denúncias que pesam sobre ele, o aguardado julgamento de Edson Giroto, o desgaste do PMDB e do próprio governador, a sedimentação da candidatura Delcídio do Amaral do PT e a sobra do crescimento de Reinaldo Azambuja do PSDB, demonstram claramente que o investimento é na campanha eleitoral.



A força da grana que ergue e destrói...

Mal comparando com São Paulo, onde o escândalo das propinas pagas pela Siemens a membros dos governos, na vultosa soma das compras de equipamentos para os Metrôs promete trazer de volta às ruas manifestações cívicas de jovens de todas as idades, Mato Grosso do Sul recebeu o programa MS Forte II, investimento de R$ 3,632 bilhões que por um lado permitirá alavancar o desenvolvimento do estado, mas por outro irá amealhar votos para que o mesmo grupo se perpetue no poder.



Fortalecer ações nas áreas de saúde, educação, habitação e assistência social e proporcionar melhorias em estradas e rodovias, esse o teor do discurso de lançamento feito pelo governador André Puccinelli no lançamento do Programa MS Forte 2, que vai investir R$ 3,6 bilhões em obras e ações para o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul. Vai abranger três áreas: desenvolvimento social (R$ 1,44 bilhão); produção, através do desenvolvimento sustentável (R$ 706 milhões) e infraestrutura e logística (R$ 1,48 bilhão). O montante representa 69% de recursos próprios e 31% de recursos vindos do governo federal. “Não é um trabalho de uma só pessoa, é trabalho de muitos. Quero agradecer ao governo federal pelos investimentos e pela parceria em Mato Grosso do Sul”, salientou o governador.

Pode-se notar pelo tom das palavras, pelo embargo na voz e lágrimas, o tom de despedida de André Puccinelli, que ainda reluta em lançar seu nome para o Senado. O guerreiro pode estar se retirando do campo de batalha, mas nada leva a crer que vá abandonar a guerra. E esse montante de investimentos lhe dá plena garantia de poder contratar tantos mercenários quantos sejam necessários. E em se tratando de política, os peões da guerra são os candidatos mequetrefes das quase três dezenas de legendas de aluguel, capitaneados por executivos pouco sérios que infestam alguns dos 79 municípios.

"André Puccinelli
projeta um estado forte
ou uma sucessão garantida?"

Arregaçar as mangas

Lançar antecipadamente o nome do ex-prefeito da Capital, Nelson Trad Filho é uma forma inteligente e sagaz de medir a temperatura do eleitorado e permitir que ele cozinhe, frite ou respire ileso. Enquanto isso preserva Simone Tebet para uma candidatura ao Senado ou fortalecendo sua base.

Os estragos nas candidaturas adversárias, consegue através de haver estendido o benefício aos 79 municípios equitativamente, minando assim a força dos prefeitos que tendiam a apoiar Delcídio ou Azambuja. Delcídio é um excelente cavador de verbas federais, mas não foi experimentado em funções executivas, tem no currículo uma das diretorias da Petrobrás na era Fernando Henrique Cardoso, pouco para quem pretende administrar um Estado ainda de viés agroindustrial. Mesmo com o Partido dos Trabalhadores apaziguado, os petistas não acreditam que mesmo quando fique corado, o senador consiga um tom mais avermelhado.

Reinaldo Azambuja tem a seu desfavor o desconhecimento de seu nome em regiões distantes de Maracaju e, o contingente de votos que amealhou em Campo Grande, se perdeu com o apoio mal fundamentado em Alcides Bernal no segundo turno das eleições de 2012. Bernal segue ladeira abaixo, incapaz de gerenciar um secretariado que apresente os resultados almejados pela população.

Para onde vai o tiro?

A ação, fundamentalmente mostra de fato e de direito quem tem as rédeas do PMDB. Quem pode convencer próceres da política a lançarem factoides em favor de adversários para provocar reações. Quem é o enxadrista. Uma forma política que não abandona a sutileza no prever e a força bruta no agir.

André Puccinelli irá manter o apoio subentendido prometido a Delcídio nas eleições 2010? É provável que sim, mesmo porque pelo seu modo de ver, um PMDB que ganhe com a família Trad não é o seu PMDB vitorioso.

De qualquer forma, política no Brasil, por vezes, vem em ondas que mudam o cenário em apenas 24 horas. Parafraseando Tim Maia, aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita. Existe seriedade, mas nossa lógica, pensada pela ética, não compreende algumas habilidades políticas. Para se ter uma ideia, temos no poder o Partido dos Trabalhadores, que mantém esse poder escorado em bolsas de benefícios para os que não trabalham.

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