Em reunião realizada na manhã desta terça-feira (8) com
líderes dos movimentos sociais, a Câmara Municipal de Campo Grande decidiu
suspender provisoriamente a votação do pedido de abertura de uma Comissão
Processante para investigar prefeito Alcides Bernal, se comprometendo mais uma
vez a ter um diálogo aberto com o Poder Executivo.
Após acordo com
líderes de movimentos como CUT (Central Única dos Trabalhadores), MST
(Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), Fetems (Federação dos Trabalhadores em
Educação de Mato Grosso do Sul, Movimento Indígena e MNLM (Movimento Nacional
de Luta pela Moradia), o vereador Mario Cesar, presidente da Casa de Leis
aceitou aguardar até a sessão da próxima terça-feira (15) a votação do pedido.
Em conversa com
os vereadores, os líderes sindicais se comprometeram a dialogar com o prefeito
e marcar uma reunião com o chefe do Poder Executivo, solicitando uma trégua no
embate com a Casa de Leis. Na reunião com Alcides Bernal, o movimento afirmou
que apresentará a mesma pauta de reivindicações entregue aos parlamentares,
buscando um denominador comum.(*)
* Trecho da Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal de Campo Grande
Tiraram o
palanque
Os movimentos sociais que lotaram o plenário da Câmara,
demonstram claramente que o objetivo da manifestação não é um apoio
incondicional e irracional ao prefeito Alcides Bernal. Ainda que ligados direta
ou indiretamente a partidos políticos, esses movimentos mostram cabalmente que
são a continuidade necessária do “basta” expresso nas últimas eleições, quando
romperam um governo continuísta e grupesco.
É imperativo que o prefeito Alcides Bernal desmonte seu
palanque e passe a apresentar como projetos o que era promessa de campanha.
Mudar o foco das críticas, que antes, pelos microfones da rádio, atingia
principalmente o poder executivo do então prefeito Nelson Trad Filho (PMDB),
para o legislativo, não tira sua administração do foco da crítica da população.
Essa manifestação foi, em primeira instância, em defesa de seus direitos, que
ficaram claros no resultado das urnas, não em defesa deste ou daquele político.
Defenderam o poder democrático popular, não o poder executivo exercido, “por
mandato popular”, por Alcides Bernal.
Reação impossível
O grupo de vereadores mais ferozmente combativo aos atos do
prefeito, não pela má administração em si, mas numa luta aguerrida para retomar
as benesses que possuíam na administração passada, não conseguirá uma reação popular
semelhante à que ocorreu. E os motivos são simples e transparentes: porcentagem
substancial de seus votos foram obtidos pelas mais diversas formas de compra.
Compra direta em espécie ou outros (combustíveis, cestas básicas etc.); favores
cobrados; indicações do eleitor ou de parentes; favores de parentes de
funcionários contratados ou comissionados; promessa de benefícios... Essa massa
(quase apolítica), não se mobiliza. Se venderam, foram pagos por isso, qualquer
outra coisa depende de negociar novo valor; se favores cobrados, foram pagos; se
em benefício de parentes, eles estão garantidos em seus empregos...
Ocupação e manifestação
Não caberia, também, que a Câmara ficasse ocupada pelos grupos, até que ocorresse a votação da matéria. Democracia implica respeito às regras. Manifestação sim, mas uma ocupação poderia tomar rumos que não pretendidos sequer pelos manifestantes.
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