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segunda-feira, 22 de julho de 2019

A educassão de Mato Grosso do Sul xega a ser feio estar entregue às baratas



Botamos 7% dos docentes em sala de aula sem preparo. Boa parte, essa sim com magistério e/ou pedagogia, felizmente. Profissionais preparados para o ensino fundamental. Mas e o contingente com apenas 2º grau, sem o menor preparo para a educação? Educam (?) nossas crianças. Então, é no vai-da-valsa. Há uma grande diferença naqueles que se dedicam ao estudo de educar, analisando e discutindo as diversas correntes de pensadores na linha da educação, mestres como Piaget, Paulo Freire, Vygotsky, Maria Montessori, August Comte, Emilia Ferreiro, entre outros.

Esses educadores são os professores Joãos, Eduardos, Marias, Joanas, Albertos, e tantos e tantos, dedicados. Aqueles apaixonados por suas profissões e totalmente conscientes do “educar”, de formar, de ter a satisfação de vê-los formados, ledores, entendedores de todo o conteúdo que lhes é oferecido e aproveitado em sua totalidade. Não é ser aprovado por uma determinação burra das diretrizes frias do que os teóricos burocratas exigem aprovação e para deixar bonito o gráfico de aprovação, a qualquer custo, mas educados efetivamente.

Pelas diretrizes distorcidas da educação nacional, não se deve reprovar alunos, ou seja, alto grau de reprovação caracteriza falha da escola, do educador, do coordenador, da direção. Existe uma “forçação de barra pela aprovação, não pelo educar”. Pela mentalidade acadêmica do sabe-se lá o que dos gabinetes, vai-se aprovando alunos sem o menor preparo, jogando para outras séries. Agora é discutir se a “pedagogia oficial” está correta nesse “passar a mão na cabeça”, aprovar acima de tudo. Essa pedagogia foi e está implementada pelos licenciados, mestres, pós-graduados, doutores. Triste realidade quando a realidade é dos educadores de sala de aula, de reuniões e discussões nas salas dos professores, no dedicar-se. Nessa seara os governantes aproveitam das brechas da lei para instituir que leigos tomem em suas mãos a educação. Hoje não é mais formar.

De repente tudo se tornou implementação de teses acadêmicas. Parafraseando poeta, “seus aprendizes não são seus aprendizes, são flechas lançadas nas planilhas de aprovação que serão apresentadas aos organismos internacionais como se analfabetos não fossem, numa cópia mal ajambrada do Mobral que ensinava a ‘desenhar’ seu nome”.

Concursados de elevada competência são substituídos – naquele esforço de evitar gastos excessivos que implicaria em improbidade administrativa, por constarem das folhas de servidores – por indicados, independente de sua competência, não de sua incompetência. “Não importa ser Rei, importa em ser amigo dos amigos do Rei”.

E nossos índices, continuam caindo, nossas crianças sacrificadas, nosso futuro criando votantes imbecis. Retrato do Brasil, não uma Nação, mas um país, meio que deixado de lado, meio que com Capitanias Hereditárias – estudantes hoje sabem pouco sobre isso – pertencentes a poucos com um vasto gado cultural, inocente, inculto, manipulado.

Sou educador sem exercer o ofício, e essa realidade me dói. Não quero supor a imensa frustração de todos e todas que tanto se dedicam, uma vida, enfim, ao “ensinar e formar”. Nunca iremos adiante enquanto não respeitarmos a educação. Não teremos médicos, engenheiros, advogados, físicos, matemáticos, músicos, poetas, jornalistas, enquanto não investirmos pesadamente em educação de qualidade. Não seremos uma Nação de fato e de direito enquanto o educar estiver relegado ao “deixa como está para ver como fica”. Políticos pouco se lixam, afinal seus filhos têm educação privilegiada em caras escolas. Empresários pagam o preço por educaram seus filhos em escolhas de altíssimo padrão e mensalidades astronômicas, mas com dificuldade de colaboradores (palavra bonita para empregados) pelo baixo nível educacional de nossa população.

Mas para que se preocupar com essa educação que se faz ao longo de vários anos, quando eu passo o bastão do mandato após quatro ou oito anos? E quanto sofre o coração e a mente dos que se preparam tanto, adotam como responsabilidade o educar, o conhecimento que tem um vasto horizonte e longevidade? Professores não são massa de manobra.

Mas e todas as profissões que não exigem, hoje, um ensino formal? Como explicar que são necessárias para o nosso mundo e quanto nos honram? A educação permite que elas passem a ser respeitadas – ainda que mal pagas e pouco valorizadas – por todos aqueles que aprendem , mais do que as matérias formais, o quanto vale o respeito, o reconhecimento. Isso é educar, isso é tornar um povo forte.


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