Botamos 7% dos docentes em sala de aula sem preparo. Boa
parte, essa sim com magistério e/ou pedagogia, felizmente. Profissionais
preparados para o ensino fundamental. Mas e o contingente com apenas 2º grau,
sem o menor preparo para a educação? Educam (?) nossas crianças. Então, é no
vai-da-valsa. Há uma grande diferença naqueles que se dedicam ao estudo de
educar, analisando e discutindo as diversas correntes de pensadores na linha da
educação, mestres como Piaget, Paulo Freire, Vygotsky, Maria Montessori, August
Comte, Emilia Ferreiro, entre outros.
Esses educadores são os professores Joãos, Eduardos, Marias,
Joanas, Albertos, e tantos e tantos, dedicados. Aqueles apaixonados por suas
profissões e totalmente conscientes do “educar”, de formar, de ter a satisfação
de vê-los formados, ledores, entendedores de todo o conteúdo que lhes é
oferecido e aproveitado em sua totalidade. Não é ser aprovado por uma
determinação burra das diretrizes frias do que os teóricos burocratas exigem
aprovação e para deixar bonito o gráfico de aprovação, a qualquer custo, mas
educados efetivamente.
Pelas diretrizes distorcidas da educação nacional, não se deve
reprovar alunos, ou seja, alto grau de reprovação caracteriza falha da escola,
do educador, do coordenador, da direção. Existe uma “forçação de barra pela
aprovação, não pelo educar”. Pela mentalidade acadêmica do sabe-se lá o que dos
gabinetes, vai-se aprovando alunos sem o menor preparo, jogando para outras
séries. Agora é discutir se a “pedagogia oficial” está correta nesse “passar a
mão na cabeça”, aprovar acima de tudo. Essa pedagogia foi e está implementada
pelos licenciados, mestres, pós-graduados, doutores. Triste realidade quando a
realidade é dos educadores de sala de aula, de reuniões e discussões nas salas
dos professores, no dedicar-se. Nessa seara os governantes aproveitam das
brechas da lei para instituir que leigos tomem em suas mãos a educação. Hoje
não é mais formar.
De repente tudo se tornou implementação de teses acadêmicas.
Parafraseando poeta, “seus aprendizes não são seus aprendizes, são flechas
lançadas nas planilhas de aprovação que serão apresentadas aos organismos
internacionais como se analfabetos não fossem, numa cópia mal ajambrada do Mobral
que ensinava a ‘desenhar’ seu nome”.
Concursados de elevada competência são substituídos –
naquele esforço de evitar gastos excessivos que implicaria em improbidade
administrativa, por constarem das folhas de servidores – por indicados,
independente de sua competência, não de sua incompetência. “Não importa ser
Rei, importa em ser amigo dos amigos do Rei”.
E nossos índices, continuam caindo, nossas crianças
sacrificadas, nosso futuro criando votantes imbecis. Retrato do Brasil, não uma
Nação, mas um país, meio que deixado de lado, meio que com Capitanias
Hereditárias – estudantes hoje sabem pouco sobre isso – pertencentes a poucos
com um vasto gado cultural, inocente, inculto, manipulado.
Sou educador sem exercer o ofício, e essa realidade me dói.
Não quero supor a imensa frustração de todos e todas que tanto se dedicam, uma
vida, enfim, ao “ensinar e formar”. Nunca iremos adiante enquanto não
respeitarmos a educação. Não teremos médicos, engenheiros, advogados, físicos,
matemáticos, músicos, poetas, jornalistas, enquanto não investirmos pesadamente
em educação de qualidade. Não seremos uma Nação de fato e de direito enquanto o
educar estiver relegado ao “deixa como está para ver como fica”. Políticos
pouco se lixam, afinal seus filhos têm educação privilegiada em caras escolas.
Empresários pagam o preço por educaram seus filhos em escolhas de altíssimo
padrão e mensalidades astronômicas, mas com dificuldade de colaboradores
(palavra bonita para empregados) pelo baixo nível educacional de nossa
população.
Mas para que se preocupar com essa educação que se faz ao
longo de vários anos, quando eu passo o bastão do mandato após quatro ou oito
anos? E quanto sofre o coração e a mente dos que se preparam tanto, adotam como
responsabilidade o educar, o conhecimento que tem um vasto horizonte e
longevidade? Professores não são massa de manobra.
Mas e todas as profissões que não exigem, hoje, um ensino
formal? Como explicar que são necessárias para o nosso mundo e quanto nos
honram? A educação permite que elas passem a ser respeitadas – ainda que mal
pagas e pouco valorizadas – por todos aqueles que aprendem , mais do que as
matérias formais, o quanto vale o respeito, o reconhecimento. Isso é educar,
isso é tornar um povo forte.
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