Adelson Oliveira dos Santos, 39 anos, pelas informações colhidas,
foi morto por reclamar há mais de 20 dias, do entulho descarregado na frente da
casa pelo seu vizinho, Rael. O assassino promoveu uma fuga grotesca, saindo
pelo telhado da casa – se era proprietário do imóvel, por que não fugiu pela
porta da frente? Dizem que para evitar uma identificação.
Não há como entender o caso. Nunca houve amizade, sequer inimizade.
Ambos moram sozinhos em suas respectivas casas (no caso de Adelson, morava,
pois é passado.).
A paciência se esgotou quando Rael não se importou em colocar entulho na
calçada de Adelson. A questão é saber se a vítima foi atraída para uma conversa
com o suspeito. Será? Esse tipo de assassinato não pode ser previsto pelas
polícias, pode ser investigado e levado a julgamento.
O que importa no caso é a banalização da morte. E a inoperância de nosso
sistema judiciário. O suposto agressor e assassino se apresenta após 24 horas e
vai a julgamento em liberdade. Fica liberto por anos até o julgamento. Justiça
tardia nada mais é do que Justiça institucionalizada.
Adelson morreu, será que havia essa necessidade? Rael está e ficará
livre até o julgamento pelos descaminhos da lei (assim, em minúsculas).
Rael fugiu pelo telhado de sua própria casa e, se constituído um bom
advogado de defesa, vai questionar as testemunhas sobre a veracidade e
identificação de um homicida, afinal eram noite, não havia questões maiores –
exceto o entulho. Um morre, o outro fica livre.
A Justiça e os
deputados federais
Parece que há um negro manto que cobre a criminalidade. Para se
protegerem de seus próprios crimes, deputados criam “leis de impunidade” que,
para acobertarem seus próprios crimes, criam saídas jurídicas que tornam nosso
país, nossos estados, nossas cidades e nossos bairros impunes aos crimes. Pena
máxima no Brasil; 30 anos. Homicidas e outros cumprem 1/6 da pena e estão
libertos; ministros da corte de justiça não podem ser investigados, agora
sequer filhos de presidentes e seus assessores podem.
Casas são cercadas de grades, cidadãos não têm emprego ou renda para
comprarem celulares que lhes permita se comunicar; prisões têm profusão de
celulares... algo está errado nessa nossa justiça, que obriga seus membros a
julgarem de acordo com os rigores da Lei, feita pelos diversos elementos que
elegemos e exercem sua condição de representantes da lei para sua própria proteção.
As exceções justificam as regras.
A morte de Adelson
Certamente a polícia vai cumprir seu papel. Certamente investigadores
irão olhar nos olhos do suspeito – e ainda é e sempre será suspeito – com a
determinação de colocar um “provável” homicida na prisão, mas a Justiça haverá
de julgar pelos rigores da Lei, inocentando por falta de provas naquele
discorrer do advogado. Nós estamos encarcerados, nós estamos à mercê de que,
ainda que comprovado culpado, esteja em liberdade após poucos anos de detenção.
Adelson não será justiçado. Será apenas uma memória e Rael, seu provável
assassino, mas um sem peso na consciência que por um motivo fútil, banal,
ridículo, tirou a vida de um homem.
Consciência é subjetivo, não tem peso, então nada a pesar, não tem nada
a culpabilizar. E viva nosso Brasil, viva nossas leis, pequeninas, injustiças
dentro de uma justiça que protege a todos, menos aos cidadãos de bem.
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